quarta-feira, 21 de julho de 2010
Dia dos pais está chegando....
Dia dos pais está chegando, mesmo que pra mim não seja tão importante(ou não fosse...).
Hoje fui almoçar com meu pai. Fazia muito tempo que nós não almoçávamos juntos. Por que passávamos a maior parte do tempo discutindo na mesa, até um dos dois levantar, pegar seu prato e ir comer em outro canto da casa.
Conversamos amenidades, coisas banais. Dos planos dele de reformar a casa, da caixa de marcha do carro que quebrou mês passado, do peixe que tinha um cheiro desagradável. Sempre intercalando com perguntas: “ - Quer mais suco? O frango está gostoso?” Depois perguntou onde eu tinha comprado o frango assado, porque o bichinho estava muito pequeno. Eu disse que foi na esquina do sinal. “- Porra, Jackeline, não era lá. Eu não te disse que era na esquina da feirinha? Olha o tamanho desse frango...”. Eu tinha duas escolhas: travar uma discussão por causa do frango ou pedir desculpas e dizer que da próxima vez eu compro no lugar certo. Venceu a segunda opção. Na mesma hora ele parou de falar e puxou outro assunto, sem mais ligar para o frango.
Meu Deus, porque eu não aprendi a pedir desculpas antes, eu teria evitado tanta dor, tantas lágrimas, tantos anos de convivência complicada com meu pai. E percebi o quanto valeu eu ter passado um tempo ausente, ter visto o mundo lá fora, sofrendo sozinha.
Ele, diferentemente da minha mãe, não me julgou, não questionou por onde eu andei nesses cinco anos, e o que eu vivi. Me recebeu como um pai que recebe um filho pródigo, como se o filho nunca tivesse saído de casa. Com o mesmo afeto e o mesmo semblante fechado de pai. Porém, agora mais tranqüilo de saber que a filha caçula está próxima dele.
A gente tem o ideal de pai meio novelesco, Hollywoodiano na cabeça. E a gente sofre com isso, por que não existe pai de novela. Tanta coisa que eu queria que meu pai fosse, mas ele não é. Vou fazer o que? Trocar de pai? Ele fez o melhor dele, naquilo que ele podia fazer. Nem mais, nem menos.
Ao sair de sua casa, vi a minha velha máquina de escrever no depósito, uma fotografia minha na estante da sala, meus livros do colégio. Olha quantos pedaços meus estão com ele? E quais os pedaços dele que estão comigo? Na porta da casa me despedi agradecendo pelo almoço e disse que o esperaria no Domingo pra tomarmos café juntos no fim da tarde. Senti que ele queria que eu não fosse embora, que ficasse mais um pouco, que conversasse mais com ele. Vendo-o no portão, percebi que ele não queria ficar sozinho. Já era tarde demais, o taxi já tinha parado pra eu entrar. E na viagem pra casa, percebi quanta coisa eu tenho do meu pai comigo, apenas de sentir as lágrimas caírem do meu rosto.
Eu te amo, pai!
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Um comentário:
Muito bom, gostei do texto. Temos que valorizar nossos pais, não sabemos até quando eles estarão por perto. Perdi meu velho em 1998, já escrevi no meu blog sobre ele. Saca: http://eltonvaletavares.blogspot.com/2010/03/jose-penha-tavares-meu-pai-meu-heroi.html
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