quinta-feira, 29 de julho de 2010

Bullyng or not Bullyng?




Lá pelos meus dez anos de idade, eu sofri de Bullyng. Por que sempre brincava mais com os meninos que com as meninas na escola, porque me vestia como eles, porque só brincava com os brinquedos deles ( brinquedos de menino sempre foram mais emocionantes que de menina, é ou não é?).

E isso nunca me afetou porque eu não deixava que me afetasse. Eu era o que era e pronto. Talvez porque minha Hiperatividade diagnosticada desviasse minha atenção pra isso. Tudo era culpa da Hiperatividade.

Por outro lado eu fiz muitas mães procurarem psicólogo para seus filhos. Perseguia os coleguinhas de classe pelos seus mínimos defeitos. Se tinha orelha grande, se tinha jeito de bichinha, se não cheirava bem, se tinha o nariz de batata... Tudo era motivo pra piadas de mau gosto.

Agora depois de quinze anos, a novidade é o Cyberbullyng. É o constrangimento feito por várias pessoas a uma única pessoa, usando tecnologia de comunicação, como celulares e internet. Mensagens de celular, vídeos de celular jogados na internet, ofensas em páginas de relacionamento, como Twitter, Orkut ou Facebook, fotologs e blogs.

É menos pior que o velho Bullyng? Não! Apesar de não ter violência física, como muitos casos de Bullyng têm, o número de pessoas envolvidas no Cyberbullyng é muito maior. Ridicularizar alguém em rede mundial pode ser mais devastador que no corredor do colégio.

E aquele assovio pra gordinha que passa na hora do intervalo na escola? O orelha de abano que insiste em sentar na frente? O professor que usa um cinto no sovaco? E isso dentro de uma sala com 30 alunos. Imagina se isso tudo for parar em algum fotolog da vida?

Bullyng sempre irá existir, porque tudo o que é diferente de um padrão é considerado anormal. Gordo demais, magro demais, orelhudo demais, pobre demais, dentuço demais, perna torta demais. O que eu posso fazer pelo meu filho é mostrar que todo ser humano é único. Cada um tem suas características e se algum dia alguém questioná-lo sobre sua aparência ou personalidade, lembrar que enquanto apontamos para alguém na rua ou mesmo pela internet, sempre terá três dedos apontados pra nós mesmos.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ciúme dos amigos



Se alguém me perguntar se eu tenho ciúmes dos meus amigos, vou responder que sim. Ciúme pesado, de ficar com a cara amarrada por dias, de deixar de falar e tudo. Fico com raiva de não ser exclusiva, se deixo de ser o centro das atenções, se meus amigos passam muito tempo sem me ligar. Fico com ciúmes se vejo uma declaração de amizade de um amigo meu pra uma pessoa desconhecida no Orkut. Se ouço histórias sobre farras de bebedeiras de amigos e que eu não estava lá.

Quando percebi que eu sentia isso, achei que estivesse apaixonada por um grande amigo meu. Aliás, um amigo muito improvável pra me apaixonar, éramos quase irmãs. Mas um dia saímos pra beber só eu e ele. De repente chegou uma terceira pessoa e toda a atenção dele se voltou para a recém chegada. Parei de beber na hora, fechei a cara e me calei. No caminho pra casa eu queria esmurrar o carro inteiro, falar um monte de desaforos pra ele, dizer que ele não valorizava minha amizade. Como todos estávamos bêbados, não ia adiantar muito soltar os cachorros naquele momento. Quando entrei em casa, prometi pra mim mesma que nunca mais ia procurá-lo, que ele era um escroto, vaidoso de merda. No dia seguinte, ele estava na porta da minha casa me convidando pra tomar sorvete. Minha raiva passou na hora. Não, eu não estava apaixonada por ele, apenas tinha um ciúme louco dele e das coisas dele.

Aí percebi que não era só dele que tinha ciúmes, mas dos meus outros amigos também. Amigos e amigas... Ai... mais uma confusão pra minha cabeça. Já não basta ter uma vida ambígua, ainda vou ter que decifrar que ciúme é esse que sinto das minhas amigas? Bem, também não estou apaixonada pelas minhas amigas. É só esse ciúme tosco.

O ciúme dentro da amizade é mais gostoso que dentro de um relacionamento sério, tipo namoro. Você pode sentir o quanto quiser, com tanto que seja ciúme de amizade. Por que se for de outra coisa mais Heave, aí o bicho pega. Eu amo meus amigos, os poucos que eu faço questão de cultivar. Sinto necessidade deles. Eles me alimentam só de coisas boas. Mas junto com esse caloroso sentimento vem o ciúme, implacável. Se isso for uma paixão incubada, então tenho que me preparar para sofrer de amor por todos eles....

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Paixões fluminenses




Eu tentei ir pra longe, tentei me afastar do perigo. Viajei por horas para que essa cidade não me tentasse. Para que não me arrastasse para a minha desgraça. Desgraça perto, desgraça longe. O que importa, se o mal já está feito? Se a tua presença se faz constante diante dos meus olhos? Se todas ainda lembram você, pra onde eu olhe, onde eu toque.

Não vou me render a esses raios de sol sob as águas do Flamengo. Resistirei ao teu sorriso, que sorri até para os pedintes, menos pra mim; resistirei a esse cheiro de mar, continuarei com o cheiro do asfalto quente e pisado. Mesmo que meus sentidos insistam em me dizer que sou covarde, que prefiro viver entre os animais de estimação da casa dos vizinhos. Por que até pra criar animais eu sou covarde.

E assim vão passando-se os dias, entre goles de tristeza e goles de alegria, entre Heineken e Bohemia. Sem perceber que meu lugar é junto do samba, do morro, das harmonias. Mas eu não mais louca de desencantar todas as minhas paixões. Prefiro o sossego, a tranqüilidade de quem ama de longe. Só corre perigo que não tem juízo!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Dia dos pais está chegando....



Dia dos pais está chegando, mesmo que pra mim não seja tão importante(ou não fosse...).

Hoje fui almoçar com meu pai. Fazia muito tempo que nós não almoçávamos juntos. Por que passávamos a maior parte do tempo discutindo na mesa, até um dos dois levantar, pegar seu prato e ir comer em outro canto da casa.

Conversamos amenidades, coisas banais. Dos planos dele de reformar a casa, da caixa de marcha do carro que quebrou mês passado, do peixe que tinha um cheiro desagradável. Sempre intercalando com perguntas: “ - Quer mais suco? O frango está gostoso?” Depois perguntou onde eu tinha comprado o frango assado, porque o bichinho estava muito pequeno. Eu disse que foi na esquina do sinal. “- Porra, Jackeline, não era lá. Eu não te disse que era na esquina da feirinha? Olha o tamanho desse frango...”. Eu tinha duas escolhas: travar uma discussão por causa do frango ou pedir desculpas e dizer que da próxima vez eu compro no lugar certo. Venceu a segunda opção. Na mesma hora ele parou de falar e puxou outro assunto, sem mais ligar para o frango.

Meu Deus, porque eu não aprendi a pedir desculpas antes, eu teria evitado tanta dor, tantas lágrimas, tantos anos de convivência complicada com meu pai. E percebi o quanto valeu eu ter passado um tempo ausente, ter visto o mundo lá fora, sofrendo sozinha.

Ele, diferentemente da minha mãe, não me julgou, não questionou por onde eu andei nesses cinco anos, e o que eu vivi. Me recebeu como um pai que recebe um filho pródigo, como se o filho nunca tivesse saído de casa. Com o mesmo afeto e o mesmo semblante fechado de pai. Porém, agora mais tranqüilo de saber que a filha caçula está próxima dele.

A gente tem o ideal de pai meio novelesco, Hollywoodiano na cabeça. E a gente sofre com isso, por que não existe pai de novela. Tanta coisa que eu queria que meu pai fosse, mas ele não é. Vou fazer o que? Trocar de pai? Ele fez o melhor dele, naquilo que ele podia fazer. Nem mais, nem menos.

Ao sair de sua casa, vi a minha velha máquina de escrever no depósito, uma fotografia minha na estante da sala, meus livros do colégio. Olha quantos pedaços meus estão com ele? E quais os pedaços dele que estão comigo? Na porta da casa me despedi agradecendo pelo almoço e disse que o esperaria no Domingo pra tomarmos café juntos no fim da tarde. Senti que ele queria que eu não fosse embora, que ficasse mais um pouco, que conversasse mais com ele. Vendo-o no portão, percebi que ele não queria ficar sozinho. Já era tarde demais, o taxi já tinha parado pra eu entrar. E na viagem pra casa, percebi quanta coisa eu tenho do meu pai comigo, apenas de sentir as lágrimas caírem do meu rosto.



Eu te amo, pai!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Feliz dia do amigo!




Amigo é essa coisa tosca que vive grudado na gente. Sabe das nossas intimidades, das nossas mentiras, a nossa marca de cerveja preferida, nossos dias de TPM, os nossos segredos mais obscuros. Às vezes consola, às vezes tripudia da nossa dor, geralmente com uma frase: “eu não te disse?” Mas quando consola, é capaz de beber dois dias junto com você e ouvir diversas vezes a mesma ladainha. Além de ter o poder de curar nossas dores com algumas palavras.

Amigo pisa na bola, machuca, “escangalha tudo”, mas quem nunca magoou um amigo? Porém, poucos sabem como consertar tudo, poucos sabem reconstruir o que destruíram. E por mais que seja extremamente cansativo, amigo que é amigo, junta forças que não existem e retomam a amizade de onde ela parou com braços de ferro.

Não existe amizade sem briga, não existe amizade sem lágrimas, não existe amizade sem dor. Nunca pense que amizade é um mar de rosas, mil maravilhas. Muitas pessoas que nunca discutiram com você entram e saem de sua vida sem deixar um arranhão se quer. Mas os verdadeiros amigos deixam um câncer no peito, mas um câncer curável, com palavras doces, com gestos de carinho e afeto.

Eu já me desfiz de muitos amigos que não caminhavam mais os meus passos, outros apareceram na minha vida como um presente. As feridas dos que se foram ainda estão aberta, mas os que chegaram fazem questão de sará-las.

Beijos para todos os meus amigos que estão perto, longe ou que nunca mais os verei. Vocês são as partículas que impulsionam minha existência. Obrigada por existirem.

domingo, 18 de julho de 2010

Dessa fonte eu beberei





Outro dia, numa comemoração na casa de um amigo, ouvi uma moça cantando um pagode recente. Achei parecido com um sambinha do Noel Rosa. Perguntei se ela cantava Palpite infeliz, e ela disse que não conhecia Noel Rosa, nunca tinha ouvido falar. É até compreensível que uma adolescente de 15 anos não conhecesse Noel Rosa. Mas quem compôs a música na qual ela cantarolava, provavelmente deve conhecer. E o compositor na qual ele escutava com 16 anos deve conhecer mais ainda.

Quando ligamos a tv, principalmente dia de domingo, vemos uma verdadeira salada musical. Vai de sertanejo, pagode, forró, funk e até pop rock(?). Programas cheios de mulheres bonitas na fila da frente, porque as feias, que completam a pláteia, são colocadas pra trás. Sempre muito animadas e de sorriso aberto, sabem de cor todas as canções das atrações. Nas festas de peão, milhares de pessoas cantam os maiores sucessos sertanejos da atualidade. E dentro de uma pagodeira não é diferente, que ainda toca os velhos e novos hits, o que “fácil” confundir samba com pagode. O pop rock é o mais lamentável. O grande arauto da liberdade é mutilado e sem referências significativas. Garotos de classe média ganham a primeira bateria, aquela guitarra com cara de velha, aprende três acordes e já monta uma banda com um punhado de letras que uma criança de cinco anos de idade poderia ter escrito.

E assim, vemos o início da primeira década do século XXI como uma das piores de toda a história da música. Sem inspiração, sem vida, sem aquele salvador proposto no post anterior. Por que será? Por falta de criatividade? Preguiça? Falta de talento? Ou o problema está nessa geração que não se aproveita do seu legado musical?

Do nordeste da década de 40, Luiz Gonzada já tocava o seu pé de serra, criando o baião no sertão de Pernambuco. Hoje, dezenas de grupos de forró fazem referência ao sanfoneiro, como a grande inspiração(inspiração onde, de quem?) Na região sudeste, na mesma época de Gonzaga, Tonico e Tinoco faziam suas primeiras apresentações pelo interior de São Paulo com “tristeza do Jeca”. Muitas duplas sertanejas prestam homenagem à Tonico e Tinoco, reconhecendo-os como a maior dupla sertaneja(mas continuam fazendo músicas mela cueca).

O rock no Brasil é um caso complicado. Cenário recheado de figuras até mundialmente idolatradas, como é o caso dos Mutantes. Palco da rebeldia na transição da ditadura para democracia, impulsionada pelo Punk londrino dos Sex Pistols e o americano dos Ramones, nascia Blitz, Heróis da Resistência, Camisa de Vênus, Ira!, Plebe Rude, Legião Urbana, Capital Inicial e Titãs, bandas que floresceram na década de 80 no Brasil. Mas já no início da década de 90, várias delas já não tinham o mesmo gás e algumas finalizaram a carreira. Hoje o que sê vê é um monte de garotos sem atitude, sem verdade, sendo manipulados por produtores musicais altamente comerciais.

Bem, onde quero chegar? Parece complicado, mas é simples. Em um país, onde deu origem a Bossa Nova, com um dos compositores mais aclamados como Tom Jobim, onde um semi analfabeto como o Cartola escreveu: “bate outra vez com esperanças o meu coração...”, a produção musical brasileira nesse início de século é uma lástima. Claro, salvando algumas caras e vozes que aparecem. Mas no geral, é tudo muito previsível, enlatado. Onde estão os cometas? Cadê a essência das novas gerações? Não bebem da fonte dos grandes mestres? Onde vamos parar, meu Deus?

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Meus heróis morreram de overdose




Ainda sob os efeitos do último dia 13(alcoolicamente falando), dia mundial do rock, sentei na beira da cama pra tirar o tênis e ver o que passava de interessante na TV em plena 3 da manhã. Zappiando e já desistindo, vi a chamada do ArquivoN, do canal Globo News. Ia passar um especial da Janis Joplin. Uma vida curta, mas intensa, extrema, no limite. Hum, esse filme você já viu, não é?
Sim, várias vezes. Essa receita intensidade+inconsequência+talento, já está mais que conhecida. Cazuza, Elis Regina, Janis Joplin, Kurt Cobain, Jim Morrison, Renato Russo, Jimi Hendrix, Brian Jones, cultivaram a tríplice aliança perfeitamente.
Em uma discussão acalorada, eu e minha amiga Cybelle, chegamos na seguinte pergunta: eles tinham que morrer ou não?
No meu ponto de vista, eu achei que a morte era inevitável. Com o ritmo de vida, as drogas, o álcool, o sexo, noites mal dormidas, um dia a pilha acabaria. Mas vendo pelo lado meio místico da coisa, pra mim eles são como cometas que passaram por nós, tão brilhantes que se chegássemos perto, nos queimaríamos ou perderíamos a nossa visão. Todos eram autênticos, verdadeiros, espinhosos. Foram fulminantes, bombásticos, carismáticos até. Aí pergunto: e se eles não tivessem morrido, seria a mesma coisa? Teriam revolucionado o rock do mesmo jeito? Teriam seus nomes na história?
Lembra daquele ditado “depois da tempestade, a bonança”? Pois é, todos eles, em suas respectivas épocas, foram a salvação de uma geração perdida e sem heróis. Eles trouxeram verdade pra onde não tinha, fizeram com que as pessoas acreditassem em si mesmas. Criaram a identidade de toda uma juventude. Alimentaram-nos de força, inconseqüência e paixão. E morreram com a imagem que até hoje guardamos em nossa memória. Não aquela coisa sem vida(Caetano e Gil perderam o seu brilho ao longo dos anos), sem rumo, vendida para o mercado das gravadoras. Não! Ficamos com os gritos rasgados, com as entrevistas apimentadas, com os fricotes, com as gargalhadas, com os chiliques de quarto de hotel. E com a esperança de que outros cometas virão, depois dessa tempestade que parece que nunca vai cessar.

domingo, 11 de julho de 2010

As delícias da Amazônia





Os sabores e as curiosidades de um dos Estados mais recentes do Brasil.

Não é só pelo fato de ser a única capital no mundo dividiva pela Linha do Equador ou ser o Estado menos desmatado da Amazônia que o Amapá fascina seus visitantes. Sua culinária regional é um convite tentador para a visita ser extendida. A variedade de peixes já seria um ótimo motivo para adiar a data do voo.
Por toda cidade há pontos de vendas de comidas regionais, cada um com seus segredinhos de preparo. No cardápio? Maniçoba, Tacacá, Pato no tucupi, Pirarucu no molho de coco. Solange Gomes, proprietária do restaurante Aimoré, no centro da cidade, explica que muitas pessoas fazem os pratos, mas poucas conhecem as receitas originais:”A maioria das senhoras que preparavam os pratos com a receita genuína já faleceu. Hoje, poucos lugares conservam a receita original”. Solange refere-se às “tacacazeiras”, que preparavam diversas iguarias e vendiam na suas barracas na rua.
A maniçoba, por exemplo, teve uma variação ao longos anos. Um dos pratos mais pedidos na região, originou-se dos índios e era servida em ocasiões especiais ou em rituais de celebração. Preparada com a folha da mandioca, precisa ser cozinhada durante 6 dias, eliminando assim suas toxinas. Com a colonização, acrescentou-se pedaços de porco defumado, semelhante à feijoada. Outro prato bastante disputado é o Tacacá. Feito com o líquido extraído da mandioca, o tucupi é seu principal ingrediente, acompanhado com o jambu, camarão e a goma de mandioca. Também de origem indígena, ele é servido quente num recipiente chamado cuia. Mesmo com os termômetros indicando o seus quase 40°c, tomar um tacacá às seis da tarde é uma rotina deliciosa.
O pescado da costa do Amapá é um detalhe bem revelante. Ao nascer do sol, os barcos pesqueiros chegam com o carregamento diário para ser distribuído nas feiras e açougues da cidade, além de ser vendido na hora. Peixes como Filhote, Dourada, Pescada, Tucunaré e Tambaqui, são servidos nos restaurantes e hotéis da capital. Mas um peixe bastante curioso é o taumatá. Conhecido também como Cascudo, o taumatá é relativamente barato. Peixe de mangue, é facilmente encontrado nas margens dos rios. A aparência não ajuda muito, isso é verdade. Porém, quando refogado com chicória e feito no leite de coco, é quase impossível lembrar do seu aspecto robótico.
E se não bastar toda essa riqueza gastronômica, então o jeito é apelar para uma boa tigela de Açai com farinha e outra camarão no bafo, prato presente em 90% das mesas amapaenses. Com tanta fartura, vai ser difícil marcar a passagem de volta.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Almodóvar, cadê você, meu filho?



Hoje, Pedro Almodóvar, é um dos diretores de cinema mais aplaudido pela crítica atual. Com sua ótica européia, consegue transformar uma cena de sexo que teria tudo pra ser vulga numa obra de arte. Quando se vê uma cena de Almodóvar, já se sabe, de longe, que é Almodóvar. Suaviza e satiriza temas que ainda pra muita gente é um senhor tabu. Foi o primeiro espanhol a ganhar o Oscar® de melhor roteiro por Fale com ela. Lançou Antonio Banderas na década de 80, lançou Penélope Cruz na de 90, é queridinho da moçada Cult de todo o mundo. E detalhe: nunca fez um curso de cinema por conta da situação financeira de sua família.
Em 2009 lançou Abraços Partidos, 17º filme do diretor. Diferente dos outros, Almodóvar aborda os temas que mais gosta, como a paixão do protagonista pelo cinema e por suas musas. Não tem a quantidade de cenas de sexo que os outros têm. Existem apenas três cenas de sexo, sendo uma delas debaixo das cobertas. Cria um enredo de traição, possessão e desejo, típico dos seus filmes.
Quem está acostumado com o Almodóvar mais escrachado, como em Carne Trêmula, Tudo sobre minha mãe e Má educação, sente falta de alguma coisa em Abraços Partidos. Os atores são impecáveis, o roteiro muito bom, Penélope Cruz vestida Audrey Hepburn... Mas a sensação de que faltou algo é permanente. Parece que o filme está numa marcha lenta. Quem não lembra da inesquecível Agrado, de Tudo sobre minha mãe?(- Mi nombre y Agrado!) Ou a cena de Antonio Banderas fazendo sexo anal(lógico, ele era passivo...)? Não, Abraços Partidos não choca, não comove, não intriga. Você assiste e pronto. Não faz você refletir por dias, se questionar, rir só de lembrar. Ele é apenas um filme e nada mais.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Vamos aprender a separar as coisas, caramadinhas!!

Vou fazer um texto rápido sobre os comentários da postagem anterior. Quando se expõe uma opinião, é óbvio que muitas pessoas não concordem. Isso eu acho até saudável. Cria debates, discussões, de onde também saem soluções.
O fato de eu morar em São Paulo, não quer dizer que eu não goste de Macapá. Tem gente que nunca saiu daqui e joga pedra na cidade. Não está contente? Então vai embora. Essa é a regra. Agora é impossível você mudar de cidade e não lembrar dos prós e contras da sua terra. Macapá tem coisas que nenhuma outra cidade do mundo vai ter. E é isso que a torna tão especial. Mas não podemos fechar nossos olhos para as suas mazelas, para os seus problemas. Quando vejo algo legal em outra cidade, penso o quanto seria bacana se tivesse em Macapá. É a mesma coisa que você vê um presente e lembrar de quem você ama. Eu morei em Macapá durante 19 anos. Conheço essa cidade como a palma da minha mão. E pelo fato de ser amapaense, eu tenho o direito de expor minha posição. E se eu não tivesse morado fora? Se eu nunca tivesse saído daqui? Temos que aprender a separar paixão de razão, como disse meu amigo Elton. Somos muito intransigentes quando se fala dos problemas de Macapá. O seu Rogério Borges é goiano, não tem absolutamente nenhum direito de opinar em nada aqui, até porque ele nunca veio aqui. Mas nós? Nós é que temos que ter uma discussão sadia, nos unirmos, escolhermos nossos governantes. Por que, antes de mais nada, o que está no texto anterior é tudo verdade.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Amapá: ame-a ou deixa-a!




Quando converso sobre Macapá, algumas pessoas acham que odeio a cidade. Bem, às vezes parece mesmo. Por sua violência urbana, por sua consciência enterrada nos órgãos do Governo, por seu coronelismo ultrapassado e o câncer incurável da corrupção. Mas existe uma diferença muito grande em abrir a boca pra falar mal e perceber do que sua cidade precisa e pensar numa forma de tentar mudar o curso da história.
O Estado não foi privilegiado geograficamente, aqui só se chega apenas através de barco ou avião, o que encarece qualquer serviço e bens de consumo que entra na capital. Comercialmente falando, esse isolamento é prejudicial. Taí uma boa justificativa para as indústrias não se interessarem muito em se instalar aqui. Assim, a força de trabalho escorre para o bolso do Governo Estadual e Municipal, que inchados, não conseguem fazer mudanças significativas nos principais setores.
E um dos setores que mais reflete a sobrecarga do governo é a segurança. Diferente do setor da educação, a deficiência nessa área é imediatamente visível. Em menos de 48 horas sofri um assalto, com direito a faca no pescoço, e uma tentativa de assalto praticamente em frente a 6ª DP, no bairro do Trem. Pra que? Por celulares e um punhado de dinheiro. Como uma cidade tão pequena, que recebe uma boa grana do Governo Federal, pode ser tão violenta? Quando as mentes dos políticos se iluminarão e farão uma política descente na segurança pública? E mais uma vez volto a falar de câncer que nunca cura, essa ferida aberta que nunca sara. Entra governo e saí governo e a cidade não sai do lugar, tem os piores índices de desenvolvimento do país e isso não parece incomodar nenhum pouco os homens que comandam o Estado.
E assim a cidade continua com seus passos lentos, contente com as migalhas desses governantes e com seu horário comercial. Gostaria que nós amapaenses, todos nós, chegássemos num nível de consciência para mudarmos profundamente uma sociedade acomodada e satisfeita com essa situação tão degradante. Espero um dia poder ver alguém no governo que ajude a fazer essa mudança e não tentar enricar sua família e agregados. Nós mesmos reclamamos da cidade, de suas ruas, da iluminação, da sinalização do trânsito, da violência, do transporte público, da favelização de alguns pontos da cidade. Precisamos mudar nossa consciência, saber cobrar, saber escolher as pessoas que vão nos representar. Problemas, todas as cidades têm. Um paulistano não vai resolver o problema do amapaense e vice versa. A transformação começa primeiro na maneira de pensar. Nós ainda não sabemos a força que temos nas mãos.