quarta-feira, 20 de abril de 2011

Macapá, Belém, Salvador! parte 1



Se você não se garante viajar com pouco dinheiro, então nem se assanhe. Se você foi acostumado no colinho da mamãe, é melhor você continuar no mesmo lugar. Não que com o tempo você não possa se desprender desse estigma, mas a dor do parto vai ser grande.

Porto de Santana, 9 da manhã. Sete mulheres à caminho de Belém. Até que o barco não é tão ruim. Tem ar condicionado, quatro telas de LCD e corre mais que os outros. Até aí tudo bem. Depois de meia hora de viagem, você começa a perceber que as vantagens param por aí. A cadeira não inclina, o espaço de uma poltrona pra outra é mínimo, a comida da lanchonete é um assalto. Escovar os dentes com a água da torneira, nem pensar. Ela é puxada direto do rio.

Tudo é pago, até a água do cup nudles você tem que pagar para a responsável pela lanchonete esquentar. Mas até agora tá beleza. O difícil mesmo é agüentar música gospel durante 6 horas de viagem e ter uma criança chorando no assento atrás do seu porque a mãe não comprou um bendito – ou maldito - ovo da páscoa que um infeliz tava vendendo no barco. Deu vontade de enfiar a mão no bolso e comprar o ovo pro muleque pra ver se ele calava a boca.

O banheiro de barco é impressionante. A sensação é de que qualquer coisa que você faça no vaso sanitário irá voltar pra você. A descarga não funciona. Ou seja, tudo vai para o rio. A porta não fecha, você tem que puxá-la até ela travar. Bem, se você escorar na porta, ela vai abrir. E foi o que aconteceu. Escorei minha perna na porta e ela abriu. O senhor que almoçava ficou chocado quando viu minha posição de submissão dentro do banheiro. Mas vamos prosseguindo....

Breves, 6 da tarde. Paramos no município paraense para entrar no barco que nos levaria até Belém. Agora era hora de encarar a rede. Ninguém sabia fazer o nó da corda. Alguns rapazes se compadeceram da nossa inutilidade e foram nos ajudar a armá-las. Até aí a viagem tava uma beleza, sem drama. Até novamente irmos ao banheiro. Eram vários boxes, divididos em chuveiros e vasos sanitários. E de onde vinha a água? Do rio, é claro. Mas não tinha jeito, tinha que tomar banho, ou então ficava fedida. Você tem que tomar banho, se enxugar e se trocar dentro do box. Num cubículo que você não consegue se mexer sem se encostar nas paredes. Fora que, enquanto você se enxuga, fica caindo nas suas costas pingos vindo do cano. Você tenta apertar a torneira, mas não tem jeito. Não dá pra se desviar. Você vai sair molhado do banheiro. Lembre-se: não escove os dentes com a água da pia. Bem, eu esqueci. Quando lembrei, já era tarde demais. Tinha feito até bochecho. Aí, foda-se! Quem estava adorando minha distração eram as amebas e as giárdias....

Era hora do jantar. Como armas de combatentes, cada uma sacou seu cup nudles da mochila. De sobremesa, uma maçã. Comemos o macarrão como rainhas num banquete, uma maravilha! Para uma hora depois estarmos urrando de fome. Quando procuramos por comida na lanchonete do barco, descobrimos que ela estava fechado. Agora era só mentalizar a fome e esperar o dia amanhecer, porque dormir você não consegue. Às seis da manhã o cheiro de café desperta nosso estômago do Stand by.
Às sete da manhã, avistamos Belém crescer na nossa frente. Maravilha! Eu estava quase me jogando no rio para chegar mais rápido. Não agüentava mais ficar no barco. Mais um tempinho até atracar e tchau barquinho.

Saímos para descobrir que não tinha ninguém esperando por nós. A viagem começa agora....

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Surpresa boa!



De uma maneira inesperada, ontem a turma de Jornalismo da UNIFAP, recebeu Felipe Santana, repórter do Fantástico. Depois de cobrir uma pauta nacional no campus Marco Zero, concedeu alguns minutos do seu tempo para trocar experiências com os acadêmicos.

Formado em 2009, pela Universidade Federal de Santa Catarina, já morou na Sérvia, sendo corresponde do SportTV, fez intercâmbio na Inglaterra e agora é repórter da Globo. Cobriu a catástrofe na região serrana do Rio, no inicio do ano e fez uma matéria sobre os fósseis encontrados no Maranhão.

Depois de ter provado o tacacá, bebida típica do Norte, respondeu todas as perguntas com bastante entusiasmo. Pra começar, relembrou a época em que era estudante e que ficava entusiasmado em conversar com jornalistas já consagrados. Questionado sobre como é a vida de um acadêmico, Felipe foi bem categórico: “Se jogue, faça tudo o que puder. Escreva para um jornal de bairro, trabalhe no rádio, proponha pautas interessantes. Corra atrás da matéria. O que não pode é se acomodar.” Acrescentou também que o aluno é quem faz a universidade, que já caiu essa premissa de que o nome da instituição pesa tanto quanto a conduta acadêmica. Frisou que o jornalismo brasileiro está mudando de cara. Não acredita mais só no eixo Rio-São Paulo, pois o Brasil precisa de jornalistas do país inteiro, com visões antropológicas: “seja uma estrangeiro dentro da sua própria cidade.” Lembrou que no processo de seleção para o Passaporte, programa do SporTV, tiveram 11 mil inscrições, mas nenhum candidato da região norte.

Cansado em virtude da maratona de viagens por todo o país, encerrou o bate papo incentivando os futuros jornalistas a não se acomodarem e ressaltou a importância da paixão pela profissão. “É importante passar por todas as etapas. Assim o jornalista se prepara melhor para o mercado de trabalho.” Da próxima vez, Felipe, com certeza você terá uma recepção melhor. Valeu!