Esse era o grito de ordem na Marcha da liberdade, que aconteceu ontem na Praça da Bandeira, no município de Macapá, no estado do Amapá. Ocorrendo simultaneamente em Minas Gerais e Espirito Santo, o Amapá não poderia ficar de fora desse movimento nacional. Cerca de 200 pessoas tomaram conta das ruas da cidade com suas bandeiras, suas camisetas, suas faixas e seus gritos. Em nenhum momento da história do país houve uma mobilização tão grande como está acontencendo agora. Nem mesmo nas diretas já ou no impeachment de Fernando Collor. Primeiro porque naquela época não existia a internet, então os movimentos eram muito isolados e desconhecidos para o resto do país, onde as passeadas aconteceram sobretudo em Brasília, Rio de janeiro e São Paulo.
Num cenário em que a liberdade de expressão foi subtraída, o machismo velado e a falta de respeito com a mulher tomam conta de programas humorísticas da tv, em que os índices de violência contra a comunidade gay aumentam assustadoramente - apesar de estarmos no século XXI -, a violência cometida com os estudantes por parte dos militares, apenas vista na ditadura de 64, a juventude resolveu sair às ruas do país para gritar contra as injustiças.
No dia 21 de Maio, mais de duas mil pessoas foi perseguidas pela Av. Paulista, em São Paulo, na Marcha da Maconha. Daí explodiu em várias capitais diversos movimentos em apoio ao ocorrido na capital paulista. A marcha das vadias, conhecida internacionalmente por um protesto ocorrido no Canadá, em que um policial afirmou que a roupa de determinadas mulheres incitava a violência contra a mulher, também abraçou a causa e saiu em defesa dos que foram agredidos no dia 21. Assim, todas as formas de opressão, corrupção e censura compôs a marcha da liberdade.
No Amapá, cerca de 200 pessoas reuniram-se para dar seu grito de repúdio contra o machismo, a homofobia, as altas tarifas do transporte público e a favor da legalização da maconha e contra o Bullying. A partir das duas horas da tarde, vários grupos chegavam de todos os lados da praça, ou desciam no ponto de ônibus em frente a concentração. No decorrer da semana, vários jornalistas deturparam a ideia da marcha, tentando criminalizar a ação, insinuando que a manifestação era coisa de maconheiro e vagabundo. E assim também se tornaram alvo de protestos por partes de estudantes de comunicação social das universidades públicas e privadas do estado.Contrariando a previsão desses mesmos jornalistas, o ato discorreu sem tumulto, os únicos policiais que estavam presentes eram os que guardavam as guaritas da casa do governador. As pessoas passavam nos carros e nem sabiam o que estava acontecendo. Pareciam assustadas à princípio, mas depois de entenderem o motivo, buzinavam e apoiavam a manifestação.
Apesar de um número reduzido de participantes, cada um se fez ouvir, puxou a marcha com todas as suas forças. Crianças com a palavra liberdade pintada no rosto eram comuns em meio às várias faixas e batuques. Na frente e puxando a marcha, três moças amarradas, com roupas de baixo da cor da pele e com pedaços de tecido colados ao corpo, representavam a mercantilização da mulher, tema bastante mencionado nas falas dos participantes. Outro tema levantado pelos estudantes da Universidade Federal do Amapá, foi a agressão sofrida dias antes no centro acadêmico de História. A polícia federal entrou no campus e expulsou estudantes que, suspotamente teriam se recusado a irem embora, entre eles, uma mulher. As marcas da violência ainda estampam o braço esquerdo da jovem que também acompanhou a marcha. A blogueira que lhe escreve perguntou se ela havia feito boletim de ocorrência, mas ela contou que o sistema da delegacia das mulheres estava fora do ar no momento.
Hoje o Amapá pode se considerar inserido no circuito das marchas, apesar dos meios de comunicação nem se referirem a nós. Mas estamos aqui, protestando contra tudo o que nos oprime. E até essa opressão nós manifestamos, a de que o norte só faz parte do Brasil quando querem fazer turismo exótico. Fora isso, somos apenas o quintal do país.
Um comentário:
Comentei em uma foto da Rebecca Braga no facebook:
Queria prever se a maioria daqueles que lutam contra a corrupção não iriam proceder da mesma forma, ao invés de combatê-la... "Dê o poder ao homem e verás quem realmente ele é"...
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