sexta-feira, 20 de maio de 2011

Funcionário Público: ser ou não ser!



Como é agradável chegar num lugar onde somos bem tratados, recebidos com um bom dia e um sorriso cativante. Eu pelo menos adoro. Acontece que nem todos os dias que as pessoas estão solícitas a ponto de soltar um sorriso ou um bom dia. O setor privado, principalmente o de serviços, tem obrigação de tratar o cliente bem, mesmo estando num dia péssimo, com contas pra pagar, problemas conjugais ou com a mãe doente.

Bem, mas e o setor público, que postura deveria tomar? Teoricamente também deveria tratar o público com a mesma cordialidade do setor privado. Coisa que não acontece na maioria das vezes. Tentar crucificá-los talvez não fosse a opção mais correta. É mais complicado que parece.

Serviço público é garantia de estabilidade. Você se forma e estuda feito condenado pra passar num concurso. Legal, você passou. Tem um salário digno, trabalha num horário bom e ainda garante benefícios importantes, como plano de saúde, por exemplo. Passa o primeiro ano, o segundo, e assim os dias seguem e você fazendo a mesma coisa, porque no funcionalismo público não tem plano de carreira – salve algumas exceções -, então você estagna profissionalmente. E pra quem tem família, fica até mais complicado. A estabilidade financeira gera acomodação intelectual, o servidor não procura se especializar, não se aprofunda na área de formação. Quanto mais tempo passa, menor será a vontade de dar saltos mais altos. A aposentadoria garantida vem bater na porta e você acaba achando que aquele será seu destino.

Entretanto, se você está num emprego onde sua única motivação é o salário, uma hora aquilo vai se tornar uma tortura. Não será mais prazeroso acordar todas as manhãs e enfrentar um ambiente frio, sem novidades, burocrático e repetitivo. Tudo passa ser motivo de irritação, e quem trabalha com público então, nem se fala. Aí não tem cordialidade, gentileza ou bom humor que resista.

Em entrevista concedida ao Portal de notícias G1, Sylvio Motta, professor de direito constitucional e editor de livros especializados em concursos, expõe um ponto importante sobre a carreira no serviço público: “Do ponto de vista da aspiração vocacional, satisfação pessoal, o sujeito fica frustrado, porque vira um carimbador de papel, um burocrata. Com certeza ele não estudou para isso, ele estudou para exercer uma outra função para a qual ele se sente vocacionado”, diz.

Eu mesma passei por uma situação difícil com uma servidora pública. Cheguei no balcão de atendimento e sem ao menos olhar nos meus olhos – que, diga-se de passagem, independe se você está ou não trabalhando, é uma questão de etiqueta – a funcionária disparou: - Sim, moça, o que você quer? Eu tinha várias escolhas: tratá-la mal, ser a mais educada possível, ou simplesmente virar as costas e ir embora. Escolhi ser educada e pedir a informação.

Ser funcionário público hoje no Brasil precisa ser bastante analisado no que diz respeito a custo e benefício. É importante que se tenha estabilidade financeira, mas também é importante ter saúde emocional e ser feliz naquilo que faz. Trabalhar numa área da qual não gostamos ou que nos traga estresse, acaba sendo um “estupro diário”, mudando apenas as posições.


Fonte: Portal G1

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