domingo, 29 de maio de 2011
Manual de sobrevivência na selva
As editoras deveriam criar um manual de sobrevivência para cada metrópole, mas não estou falando de qualquer manual, mas aquele que faz você sobreviver no submundo, entre os perdidos, entre os marginalizados, entre os esquecidos. Então resolvi fazer um esboço. A metrópole escolhida é São Paulo. Se alguma editora se interessar, é só vir falar comigo.
Começamos então do início, quando você chega a São Paulo. Sem trabalho, sem dinheiro, sem autoconfiança. Não fique deprimido, é isso que a cidade quer. Você está sem dinheiro, está com fome. Relaxe, você só precisa ter um cartão de débito no bolso. Chegue posudo em algum restaurante ali pela Santa Cecília ou São João. Você sabe que seu cartão não tem dinheiro, mas o atendente não sabe. Parta do pressuposto de que quando a comida já estiver na sua barriga, já era, o dono da birosca não vai pedir pra você vomitar. Então coma, coma gostoso, como se você tivesse acabado de sair da cadeia. E quando chegar a hora de pagar, seja simpático com o caixa, faça piadas, seja gentil. E quando a maquininha acusar que a transação não foi autorizada, faça uma cara de surpreso:” - Mas como, eu acabei de passar ali no banco e tinha dinheiro. Passa de novo, por favor“. Mas você sabe que não vai passar, então vá logo pensando em uma saída de mestre. “ Olha, posso deixar minha identidade ou celular. Ainda pouco passei no banco e tinha saldo”. Diga que mora ali por perto, e se eles ficarem com seu R.G, não se preocupe, é só você ir até o Poupa Tempo e dizer que você está na linha da pobreza e dar entrada em outro.
Drogas. Isso é um tópico legal e muito importante neste manual. Nunca, mais nunca consuma eventuais pacotinhos que você vier a encontrar em banheiro de balada. Isso pode acabar com sua noite, isso se não te matar antes. Não bote dinheiro na mão de qualquer cara gente boa que aparecer na sua frente dizendo que vai pegar mais um. Eles nunca voltam. Se você acha que pode comprar um doce em pleno centro de São Paulo, você está muito enganado, no máximo que você vai achar é pedra e cola. Entenda uma coisa: onde existe droga, não existe amizade. Então nem pensar em convidar pessoas pra ir para o seu hotel ou seu futuro apartamento. É correr um risco desnecessário. A amizade acaba quando acaba a droga.
Bem, você arranjou emprego. Legal, esse é um passo importante. Todos dizem que paulistano não dá informação, dá sim, e corretamente. Mas, se você estiver não situação em que não tem a quem pedir informação, ligue 156. Esse é o telefone do SPtrans. Muito útil. Por favor, não mate a mãe, o pai e os tios mais de uma vez pra justificar sua falta no trabalho. Paulistano é calejado com esse tipo de conversa. Nunca coma no Mc Donald’s, porque algumas horas depois você vai estar com fome novamente. Coma no Habbib’s. As esfirras são muito boas, mas evite as de carne, elas causam azia e irritação no estômago. Coma milho, sempre tem um carrinho com milho verde pela cidade. O amido te dá energia imediata. Em São Paulo, nas quartas, sábados e domingos sempre tem feiras de hortifruti espalhadas pela capital. Compre algumas coisinhas baratas para justificar que você realmente está fazendo a feira da semana. Então vá provando tudo o que você puder: veja se a melancia está doce, se a uva tá no ponto, se a manga não tem muito fiapo. Você sai alimentado. Mas lembre-se: se for comprar mesmo a melancia, peça para o feirante cortar na hora, pois eles injetam adoçante nas que já estão cortadas.
Bem, vou ficando por aqui. Voltarei em breve com mais um capítulo do manual de sobrevivência na selva. Até mais.
P.S : este texto é pura ficção. Qualquer semelhança é meramente coincidência.
sábado, 28 de maio de 2011
O multiplicador de cifras
Roteiro instigante, baixo orçamento e uma incrível capacidade de transformar histórias simples em grandes filmes. Assim é Danny Boyle, cineasta inglês responsável por grandes sucessos como Trainspotting, Quem quer ser um milionário e 127 horas.
Boyle começou sua carreira em 1982 como produtor da BBC, em Londres, dirigindo algumas series e filmes pra TV. Em 1994 dirigiu Cova Rasa, revelando um jovem ator, Ewan McGregor. Mas seu primeiro grande sucesso foi com Trainspotting, em 1996, também com McGregor como protagonista. Conseguiu chamar a atenção da crítica e foi considerado um dos revitalizadores do cinema dos anos 90, junto com Quentin Tarantino. Financiado por uma produtora de TV, o filme levou vários prêmios, como o British Academy Film Awards, nas categorias de melhor roteiro adaptado e melhor filme.
A partir daí, Boyle foi mantendo a fama de um diretor inovador. Em 1997 seguiu com Por uma vida menos ordinária, com McGregor e Cameron Diaz. Em 2000 estreou A Praia, com Leonardo DiCaprio, que não foi muito bem recebido pelos críticos. E ainda lhe rendeu uma briga e posteriormente um abalo na relação profissional com McGregor, já que o ator escocês tinha sido escalado para fazer o papel do mochileiro Richard. De 2002 a 2007 gravou Extermínio, Caiu do Céu e Sunshine.
Mas só em 2008 que o mundo se rende ao brilhantismo e a simplicidade de Boyle. Gravado em Mumbai , na Índia, Quem quer ser um milionário conta a história de Jamal Malik (Dev Patel), um auxiliar de serviços gerais de uma empresa de telemarketing que se inscreve num programa de auditório, semelhante ao nosso Show do Milhão. Mas ninguém esperava que o jovem criado nas favelas da cidade, fosse responder corretamente as perguntas. E no intervalo do programa é detido por suspeita de fraude. Jamal precisa explicar como sabe a resposta para cada pergunta. O filme foi indicado a dez Oscars, levando oito estatuetas, incluindo o de melhor filme e melhor diretor. Com nenhuma celebridade e um orçamento de R$15 milhões, considerado baixo para o padrão hollywoodiano, Quem quer ser um milionário, liderou as bilheterias por várias semanas, inclusive no Brasil.
Em 2010 Boyle volta ao tapete vermelho com 127 horas, indicado a seis Oscars, incluindo o de melhor filme. O filme conta a história real de Aron Ralston. Ao cair num buraco e quebrar o braço, o alpinista se vê preso numa caverna com pouca água, alguns equipamentos de escalada e uma câmera filmadora. Até decidir amputar o braço, Aron trava consigo mesmo uma batalha psicológica, reportando passagens com os amigos e familiares. Estrelado por James Franco, foi muito bem recebido pela crítica internacional.
Danny Boyle é o diretor que toda indústria sonha: ele multiplica várias vezes um investimento baixo, e produz histórias que faz valer a pena você gastar cada centavo no ingresso do cinema, ou chega a causar sentimento de culpa naqueles que vão comprar um DVD pirata. E não pense ele está parado, Boyle se prepara começar a graver o suspense Trance, com lançamento previsto pra Março de 2013, já que o diretor vai ser o produtor artístico da Olimpíadas de 2012, em Londres.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Essa é minha coluna social!
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Funcionário Público: ser ou não ser!
Como é agradável chegar num lugar onde somos bem tratados, recebidos com um bom dia e um sorriso cativante. Eu pelo menos adoro. Acontece que nem todos os dias que as pessoas estão solícitas a ponto de soltar um sorriso ou um bom dia. O setor privado, principalmente o de serviços, tem obrigação de tratar o cliente bem, mesmo estando num dia péssimo, com contas pra pagar, problemas conjugais ou com a mãe doente.
Bem, mas e o setor público, que postura deveria tomar? Teoricamente também deveria tratar o público com a mesma cordialidade do setor privado. Coisa que não acontece na maioria das vezes. Tentar crucificá-los talvez não fosse a opção mais correta. É mais complicado que parece.
Serviço público é garantia de estabilidade. Você se forma e estuda feito condenado pra passar num concurso. Legal, você passou. Tem um salário digno, trabalha num horário bom e ainda garante benefícios importantes, como plano de saúde, por exemplo. Passa o primeiro ano, o segundo, e assim os dias seguem e você fazendo a mesma coisa, porque no funcionalismo público não tem plano de carreira – salve algumas exceções -, então você estagna profissionalmente. E pra quem tem família, fica até mais complicado. A estabilidade financeira gera acomodação intelectual, o servidor não procura se especializar, não se aprofunda na área de formação. Quanto mais tempo passa, menor será a vontade de dar saltos mais altos. A aposentadoria garantida vem bater na porta e você acaba achando que aquele será seu destino.
Entretanto, se você está num emprego onde sua única motivação é o salário, uma hora aquilo vai se tornar uma tortura. Não será mais prazeroso acordar todas as manhãs e enfrentar um ambiente frio, sem novidades, burocrático e repetitivo. Tudo passa ser motivo de irritação, e quem trabalha com público então, nem se fala. Aí não tem cordialidade, gentileza ou bom humor que resista.
Em entrevista concedida ao Portal de notícias G1, Sylvio Motta, professor de direito constitucional e editor de livros especializados em concursos, expõe um ponto importante sobre a carreira no serviço público: “Do ponto de vista da aspiração vocacional, satisfação pessoal, o sujeito fica frustrado, porque vira um carimbador de papel, um burocrata. Com certeza ele não estudou para isso, ele estudou para exercer uma outra função para a qual ele se sente vocacionado”, diz.
Eu mesma passei por uma situação difícil com uma servidora pública. Cheguei no balcão de atendimento e sem ao menos olhar nos meus olhos – que, diga-se de passagem, independe se você está ou não trabalhando, é uma questão de etiqueta – a funcionária disparou: - Sim, moça, o que você quer? Eu tinha várias escolhas: tratá-la mal, ser a mais educada possível, ou simplesmente virar as costas e ir embora. Escolhi ser educada e pedir a informação.
Ser funcionário público hoje no Brasil precisa ser bastante analisado no que diz respeito a custo e benefício. É importante que se tenha estabilidade financeira, mas também é importante ter saúde emocional e ser feliz naquilo que faz. Trabalhar numa área da qual não gostamos ou que nos traga estresse, acaba sendo um “estupro diário”, mudando apenas as posições.
Fonte: Portal G1
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Está com medo de perder o emprego?
Ter ensino superior, há vinte anos, já bastava para ter sucesso no concorrido mercado de trabalho. Ter uma língua estrangeira era um diferencial no currículo de qualquer pessoa. Em se tratando de jornalistas, nem se fala. Hoje, se os profissionais não tiverem pelo menos um mestrado, já se torna obsoleto.
No caso do Amapá, onde a safra de jornalistas ainda caminha a passos lentos, basta escrever um texto florido para achar que não precisa mais evoluir. Isso quando se sabe escrever. Mas, para um profissional de qualidade, basta apenas saber escrever uma notinha ou saber dar uma notícia? É claro que não. Jornalista precisa pensar de forma crítica, saber que seu trabalho requer dedicação, responsabilidade e muita leitura. E sempre procurar evoluir, procurar saber de tudo, fazer do conhecimento seu maior alimento.
Uma lei de mercado bastante comum é a de que quanto mais concorrência, melhor será a qualidade do trabalho e do serviço oferecido. Isso acontece no setor hoteleiro, de telefonia, bancário. Assim como também com advogados, engenheiros, médicos e, jornalistas.
Há um ano o Amapá só conhecia um curso de jornalismo, em uma instituição particular, onde o foco principal era a prática. Você saia pronto - ou quase, ou alguns casos – para enfrentar um mercado carente de profissionais formados. Entretanto, a teoria ficava em segundo plano, pois não teria muita utilidade no tipo de trabalho a ser desempenhado. Por que o importante era saber a tríplice sujeito-verbo-predicado. E a pesquisa, e os trabalhos científicos, e o pensar crítico? Não se tinha tempo para tal luxo, pois se tinha pressa para finalmente segurar um canudo de jornalista.
No início de 2011, o estado ganhou mais uma graduação em jornalismo, agora numa instituição pública. Que, diga-se de passagem, arrebatou 90% dos professores da tal instituição privada. Mas ora, não será então a mesma coisa, sendo que a única diferença é a gratuidade? Não, não será. E é aí que se aproveita para bombardear de críticas destrutivas o curso recém nascido. Isso porque instituição pública no Brasil tem uma fama meio duvidosa. Ou por conta da estrutura, ou por conta das constantes paralisações. Bem, eu diria que isso é um dos muitos pontos de vista. Primeiro porque as universidades públicas exploram mais lado teórico que o prático, propõe uma nova metodologia de aprendizado, onde é exigido do graduando não apenas saber escrever, mas também saber pensar. E sem achar que, só porque está pagando uma mensalidade, levará o curso de qualquer maneira, sem o mínimo de dificuldade.
Não faço aqui generalizações. Conheço muitos profissionais renomados que se dedicaram, mesmo estando em faculdade particular. Na verdade, é uma crítica bem direcionada para aqueles que, com medo do novo curso, saem pelas ruas denegrindo a imagem de uma graduação e de uma instituição sem ao menos presenciar os resultados do trabalho que está sendo desenvolvido. Isso porque o curso tem apenas cinco meses, é muito pouco tempo pra dizer que o curso vai ser ruim. Sim, dessa instituição sairão grandes profissionais, comprometidos com seu papel de mediadores, conscientes do tipo de jornalismo feito no estado, onde a notícia torna-se mais uma manobra partidária. Mas como em tantos movimentos vistos no país ao longo das décadas, as atitudes arbitrárias mudam pela vontade daqueles que se esforçam para que o cenário mude.
sábado, 7 de maio de 2011
O gosto do sangue!
O que seria da mídia sem as grandes catástrofes nacionais? O que seria do circo espetacular que nossos telejornais preparam sem as enchentes, deslizamento de terra,terremoto? No caso, foi uma chacina dentro de uma escola, a primeira da história do país.
Ainda sob o efeito do terremoto do Japão, a imprensa ainda rodeada pela carniça dos mortos e feridos do outro lado do mundo, quando, de repente, um adolescente com transtornos psicológicos, invade uma escola do subúrbio do Rio e mata 12 crianças e deixando mais 12 feridas. Pronto, um novo fato acontece para alimentar a sede de sangue e tragédia no qual alimenta a mídia. Primeiro começam com uma abordagem novelesca – visível nos telejornais da Globo, onde lágrimas dispensam palavras -, com uma mãe chorando pela perda do filho, a avó passando mal ou o tio descrevendo o quanto a criança era dedicada à família e a escola. Programas inteiros são destinados ao assunto, na linha Fantástico ou Jornal Nacional, em que precisam reavaliar de última hora o que vai ao ar e o que pode ser descartado para dar lugar à tragédia. Começam as especulações sobre o provável motivo do assassino, seu modo de vida, seus amigos, seu trabalho. Ainda temos quanto tempo? Ah, ainda dá pra explorar mais.
O assassino é estudado melimetricamente, as crianças mortas são enterradas, as famílias ainda choram suas perdas. A tragédia está perdendo força. Questões como bullying, terrorismo, exclusão social. Mais alguns dias a mídia ainda dá seus suspiros em torno do tema. Alguma entrevista exclusiva com um sobrevivente, onde a criança precisa lembrar cada detalhe, cada fato; com alguém da família do assassino, cartas achadas com alguma novidade. Se não houver mais novidades, o tiro de misericórdia é a missa de sétimo dia. Por que a bolsa voltou a subir, o preço da cesta básica também subiu, a indústria da estética criou outro método de emagrecimento rápido e fácil.
Não, as crianças não vão esquecer daquele rosto doentio com uma arma na mão; não, as mães não vai esquecer seus filhos mortos no chão da escola, com suas mochilas e cadernos manchados de sangue. Mas eu, você e todos que acompanharam, vão continuar levando uma vida normal, com contas pra pagar, trabalho da faculdade pra fazer, filho pra criar. E a mídia? Bem, ela vai atrás de outra comoção nacional, que venda, que atraia, que prenda. É disso que ela se ela se alimenta. E sem olhar pra trás, parte para mais uma caçada.
Estados Unidos, dia 21 de Abril: tornados destroem pelo menos sete estados da região sul do país matando 45 pessoas....
E assim, o ciclo de tragédias continua, para a felicidade de uma mídia meio Hannibal Lecter, meio Isabel Báthory, a condessa sangrenta.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Macapá, Belém, Salvador! parte 2
Belém, 7 da manhã. Ainda dentro do navio, soubemos que a delegação do Pará havia deixado o Amapá para trás, já que nós iríamos todos juntos. De mala na mão, sentadas sobre carotes de diesel, começávamos a pensar na possibilidade de ficarmos em Belém mesmo, ou Algodoal, ou Salinas. Cadê o fulano que não está nos esperando aqui? Ninguém avisou ao fulano que nós íamos chegar aquele horário no porto?. Senta e espera. Cada vez mais Salvador estava distante de nós, sete meninas perdidas na cidade das mangueiras.
Depois de quase uma hora, o Zé nos resgatou do porto e nos levou pra casa da companheira Cléo, no bairro de Fátima. É isso aí, gente, tchau Salvador, vamos pensar como vamos curtir uma semana em Belém. Mas, milagres acontecem. Depois de meia hora sentada na frente do PC, a companheira Rebeca Braga contactou outros companheiros do Movimento ContraPonto, espalhados por todo o Brasil. Aos poucos, as remessas de grana caiam na conta da delegação. Quatro, cinco, seis, sete trechos comprados. É isso aí, moçada, vamos pra Salvador.
Às 3 da tarde, estávamos embarcando no ônibus Belém-Aracaju da empresa Itapemirim. Cadeiras semi leito, ar condicionado, banheiro, uma maravilha. Empolgação total no ônibus, musiquinha, fotos, piadas. Bem, até passarmos Castanhal. Daí em diante, a viagem não seria tão divertida assim. Logo na primeira vez que usei o banheiro, me senti como um peão de Barretos. O ônibus balançava tanto que o vaso mais parecia um touro mecânico. Seguuuuuuuuura, peão. Durante as paradas, você tinha que tomar uma decisão muito importante: ou tomava banho ou almoçava. Eu escolhi almoçar, banho era luxo.
Nunca coma feijão feito em beira de estrada, pode ser fatal. Aquela coisa espumando no seu prato, é chamar o c* pra briga. Salada de maionese, nem pensar. Mas milho verde pode comer a vontade. Depois de passar pelo Maranhão, entramos no estado do Piauí. Começou a me dar uma agonia de ficar dentro do ônibus. Minha barriga já não respondia aos meus comandos, o feijão já fazia seus estragos. As outras companheiras me botaram no fundo do ônibus, pois não queriam passar vergonha por conta do cheiro que a fermentação do feijão produzia no meu intestino. Fiquei feito criança de castigo ao lado da porta do touro mecânico.
Ai, finalmente passamos por Petrolina, depois Juazeiro. Estamos perto agora. Não vejo a hora de tomar banho e deitar numa cama, nem que seja um colchonete com dois dedos de espessura. Chegamos na rodoviária de salvador 1 e meia da manhã. Ali já tinha alguém esperando pela delegação do Amapá, a esquecida. Com fome, cansada e fedendo, eu só queria tomar banho e me jogar. Mas querer não é poder.
Ficamos no alojamento da delegação do Ceará. Enfrentamos uma fila enorme no banheiro, comemos uns biscoitos doados gentilmente pela companheira Carol Ornellas. Camas arrumadas, colchões cheios. Ai, maravilha. Quando o sono já me rondava, a porta se abre com a delegação do Rio de Janeiro reivindicando o alojamento. Uma bolsa passou a poucos centímetros da minha cabeça. Jogaram suas malas, seus colchões, sem se importar se já tinha gente dormindo ou não. Lá vamos nós mudar de alojamento, ccarregando nossas malas, colchão e nosso sono. E fomos pra onde? Alojamento da delegação do Pará. Sim, a mesma delegação que nos deixou em Belém.
Acabamos não dormindo nada, pois o café ia ser servido às 8 da manhã. Mas nada tirava nosso entusiasmo, já era uma vitória termos chegado até Salvador. Agora era só curtir e aproveitar cada momento. Deixamos pra nos preocupar com a volta depois. Que aliás, foi pior que ida.
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