quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Códigos de guerra de adolescentes conectados




Uma vez li a conversa de MSN da minha irmã adolescente. Tinha mais códigos que as cartas dos japoneses na Segunda Guerra Mundial. Parêntese e colchete pra cima significam sorriso, e para baixo significam tristeza, e os dois pontos fazem o olhinho do sorriso ou do desânimo, por exemplo. Esse é fácil. Daí por diante ficou mais difícil decifrar o que estava escrito. Era x no lugar do olho, esse símbolo < que eu não sei o nome seguido de um 3, vários símbolos de coração, carinhas com olhinhos fechados, bocas fazendo biquinho... Tudo isso para não serem rastreados nas conversas.

Fiquei intrigada com s2. Que porra é essa de s2? Era o símbolo que eu mais via nos scraps, nos coments e nos recados do celular dela. Na minha época de adolescente, não existiam esses códigos. Talvez porque o celular e a internet ainda não tinham se popularizado. Meu primeiro celular nem mandava mensagem de texto, se bem me lembro.

Continuei lendo – ou tentando – as mensagens que chegavam a todo o momento nas janelas do MSN. Coisas do tipo: ;@ ;x ... Eita, meu Deus, minha irmãzinha está metida com uma facção criminosa! Não sabia se isso era uma frase, um pedido de socorro, ou apenas combinando um horário no shopping sábado à noite. Mas era preocupante.

É comum nas guerras as mensagens serem mandadas em códigos. Hollywood tem vários filmes que falam dessa codificação. Uma mente Brilhante e Códigos de Guerra retratam bem essa coisa de decifrar mensagens através de símbolos. Assim começou minha Odisseia para descobrir o que minha irmã de 14 anos estava planejando naqueles códigos. Isso foi mais simples do que eu imaginava. Na janela do MSN tem um smile, aquela carinha amarela com um sorriso. Ao abri-la, aparecem várias outros smiles com significados diferentes. Ao colocar o cursor em cima das carinhas, percebi que elas tinham códigos, como os que eu via no MSN dela. O símbolo ;@ significa que a pessoa está furiosa e o ;x significa que o plano não deu certo, ou mamãe não deixou eu ir ao cinema hoje ou coisa do tipo.

O fato é que a tecnologia trouxe para a Língua Portuguesa um novo jeito de comunicação, de acordo com a velocidade das informações. O internetês é tão usado por essa geração que vários educadores já demonstram preocupação com relação à qualidade desses futuros profissionais. Velhos instrumentos, como o livro, por exemplos, tornam-se mais distantes do grande público pelo fato de que na rede mundial as informações vêm de uma maneira bastante condensada. Mas o que, por enquanto, me deixou aliviada, foi saber que minha irmã é apenas uma adolescente que escuta Restart e troca de esmalte todos os dias. ;) >**<