sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Solidão que nada!


Esses dias aconteceu uma coisa engraçada comigo. Nós, seres humanos, temos uns sentimentos confusos, indecifráveis, que nos tiram do eixo. Chegam na beira de um pecado capital.

Meus melhores amigos sabem que desde que eu terminei meu relacionamento, há sete anos, eu tenho vivido uma vida quase celibatária. Não por falta de tentativas, mas meu ritmo de vida não condiz com relações que duram mais de 24 horas. Eu me desencanto na mesma rapidez que me encanto. Porém, no sábado passado, eu estava rodeada de casais, todos grandes amigos meus. Até então, eu nunca havia me preocupado com o fato de eu ser a única solteira da roda e de deixar bem claro que sou bem feliz assim. Fazia um clima gostoso na cidade, tanto é que saí até jaqueta por conta da brisa fria. De repente, começamos a conversar sobre dormir abraçadinho, de conchinha, não acordar sozinho. Olhei para os lados e vi que eu não tinha o que dizer. Falar o quê, que eu ia dormir com o gato que tem lá em casa? Ou abraçada com o travesseiro? Ridículo. Do que era uma simples conversa, dentro de mim começou a tomar dimensões sérias. Até estranhei esse tipo de pensamento vir me incomodar nessa altura do campeonato. Mas incomodou. Percebi que eu não tinha pra quem ligar, com quem ir ao cinema, com quem dividir uma pizza ou uma coca cola. Todos começaram a se despedir, pagar suas contas e irem embora para suas casas, assistir o jornal da Globo e dormir com as pernas entrelaçadas.

Me apaixonei inúmeras vezes, dediquei alguns dias do meu pensamento a algumas pessoas, mas nada que me fizesse persistir e correr atrás até conseguir. Não era preguiça, era medo de abandonar minha vida tão libertária. Mas depois desse sábado senti que isso não era um modo de vida saudável. Por que todas às vezes em que eu me dediquei a alguém, eu era um pouquinho mais viva. Sorria mais, cantava mais, escrevia mais, compunha mais. Então em seguida veio na minha mente uma pergunta: “Você realmente precisa de alguém pra se sentir mais viva?”. Não consegui responder, porque naquele momento eu já estava sentindo uma certa inveja dos meus amigos, que iam embora para dormir juntinho e acordar juntinho. Depois iam tomar café assistindo Os Simpsons, almoçar e continuar juntinhos.

E o que aconteceu foi exatamente isso: cheguei e o gato de casa já estava me esperando na porta do meu quarto para assistir filme comigo. Deixei que ele deitasse na beirada da minha cama e se esparramasse. O Churras( é o nome do gato), naquele momento, realmente não era a melhor companhia, mas pelo menos ele recebia de bom grado o pouco que eu tinha pra oferecê-lo. No outro dia eu acordei e nem sinal dessa sensação de solidão.

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