sábado, 23 de agosto de 2008

Estamos interrompendo a nossa programação....

Quando era adolescente, lá pelos meus dezesseis anos, eu gostava de ver o horário político. Não sei porque, mas gostava. Eles propondo soluções para os problemas da cidade, com firmeza na voz, uma face séria que transpassava confiança e determinação. E eu chegava realmente a acreditar naquilo que eles falavam. Ficava impressionada com o otimismo que alguns deles demonstravam.
Outros serviam apenas pra eu dar risada, quando ficavam feito bonecos lendo o teleprompter, sem piscar uma vez se quer. Eu ainda tinha uma visão romântica do que era a política no Brasil.
Assistindo ao horário político de hoje, vejo apenas um bando de urubus sedentos, com o mesmo texto batido de dez anos atrás. Perdi a visão idealista dos tempos que eu saia na rua pra fazer "boca de urna" para o candidato do meu pai.
Mas em São Paulo, a sensação de asco aumentou dentro de mim num grau quase inaceitável. Primeiro porque os principais candidatos ao cargo de prefeito já foram prefeitos. Evidentemente conhecem as mazelas da cidade. E apresentam mudanças para a segurança, educação, saúde, com soluções mais que definitivas...
Mas o mais bizarro é ver os canditados beijando criancinhas na rua, aparecendo ao lado dos pobres, comendo sanduíche de mortadela no mercado municipal, jogando sinuca com os manguaceiros de plantão. Uma herança do Vargas, mas até nisso ele era mais elegante e botaria no chinelo muitos demagogos.
Tá certo, podem me achar de pessimista, mas horário político pra mim não passa de um elixir contra tristeza, pois dou mais risada com os políticos mendigando votos do que com os filmes do Adam Sandler ou Ben Stiler. A única coisa que realmente me deixa furiosa é que preto e pobre só aparecem felizes e dando sorrisos nos programas feito pelos marketeiros contratados. Se algumas pessoas acham isso normal, eu já chamo sadismo.

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