segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O último trovador solitário



Como todos os anos, várias homenagens são feitas à Renato Russo, seja na calçada com um violão e algumas cervejas, seja com um tributo com várias bandas, com reportagens relembrando os melhores momentos do trovador solitário. Eu, sinceramente, não aguento mais essas homenagens, apesar de todos os dias cantarolar alguma música da banda. Detesto porque não saímos de ciclo vicioso, onde vivemos apenas de fragmentos que o tempo se encarrega de ainda deixar no ar. Por que não surge nada inovador, nada com qualidade e glamour – superar o renato no glamour realmente não é tarefa pra qualquer um.

Um carioca criado em meio aos concretos de Brasília, conseguiu decifrar os conflitos e dramas de uma geração ainda machucada por 21 anos de ditadura militar. E fez mais: perpetuou a mensagem de “Força Sempre”. Depois de 14 anos de sua morte, suas canções ainda são hinos para milhares de jovens confusos e com um certo toque de inconsequência.

Porém, o atual cenário musical brasileiro está longe de vislumbrar outro poeta equivalente à Renato. Primeiro que a qualidade de compositores e músicos de hoje deixam muito a desejar. E o mais preocupante: a mídia incentiva essa falta de qualidade. Quem assistiu VMB MTV desse ano percebeu que a emissora faz questão de querer vender essa nova safra de “enlatados”. Numa era em que não se ganha mais dinheiro com cd's e dvd's, o jeito é criar camisas, chaveiros, óculos, biografias, sandálias, bonés, etc. Se antes aprendia-se a tocar somente três acordes pela necessidade de se fazer ouvir, hoje é para se fazer vender. Se ontem existia uma confusão pensante, hoje o que se vê é uma confusão alienada, que precisa de um “enter” para pensar.

Agora vou beber minha cerveja, com minha pilha de cd's originais da Legião Urbana, um maço de cigarro vagabundo, imaginando de que forma meu filho conseguirá encarar esse mundo.