sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Estamos em obras

A sensação era de que alguma coisa havia se quebrado. Não sabia exatamente o que, mas o fato era que não se podia mais negar as emoções que a vida te propõe ao longo do caminho. E aliado a atitudes desfavoráveis, é quase impossível impedir que as moléculas do universo não atravessem a fina membrana do seu corpo e cheguem no coração. Moléculas essas que aparecem uma vez e somem tão rápido quanto a passagem de um cometa. Quisera eu ter a capacidade de ser um alquimista e decifrar os segredos de como transformar dor em afeto, tristeza em alegria, desinteresse em paixão. Mas o máximo que eu consigo fazer é apontar para onde não consigo ser feliz. Apontar para os lugares mais absurdos, tão pertos mas tão longes. Parece que não aprendi nada nas outras lições. Vou ter que conviver com o estigma de que uma notícia boa sempre vem acompanhada de uma ruim.

Fechado para manutenção

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Saudade tem cheiro?

Antes de deitar, ela enrolava o travesseiro para se parecer com o corpo pequeno que um dia estave ao seu lado. De certo que o travesseiro não tinha cabelo, e o único cheiro existente nele era o seu próprio. Aquele cheiro de óleo pós-banho que sempre usa antes de deitar. Mas o cheiro do corpo pequeno já não existia mais em nada. Procurar aquele cheiro novo pelos pedaços dos lençois tornou-se o hobby favorito no final da noite. Em vão. Ele já não estava mais lá. Há muito tempo já não estava mais lá. O que antes achava não fazer tanta falta, hoje ela entendeu que na verdade, tudo estava ali, disponível e de coração aberto. E assim, as noites tem ficado cada vez mais solitárias, vazias e carregadas de insônia. Porém, seu orgulho não a deixou dizer aquilo que sentia, achava que poderia demonstrar sua fraqueza e sua impotência. Sempre foi muito segura de si, auto-confiante e dona da situação. Mas ao menor sinal de vulnerabilidade, se fecha no seu mundo feito de grades e arames farpados. Por que? Lá ela podia mexer as peças do tabuleiro sem medo de errar, sem adversários para se confrontar. Então entendeu que não existe felicidade sem risco, que estando solteira ou namorando, a insegurança é a mesma e que namorar é assinar um cheque em branco.

Mesmo a cama sendo de solteiro, ela ainda fica no cantinho, quase encostando na parede, porque tem a sensação de que pode estar invadindo o espaço na cama. Coloca o travesseiro nos seus braços e o cobre com um pedaço do edredom. E antes de dormir, dá um beijinho de leve nas costas do corpo pequeno e moreno e lhe deseja boa noite. Bem, mas só se o corpo pequeno não dizer que está com fome, porque aí ela levantaria para preparar alguma coisa rápida e comestível. E depois de ter voltado da cozinha com um prato de alguma comidinha ainda fomegante, volta para o seu lugar na cama para abraçar novamente o pedaço de algodão.


Fernando Bezerra

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

ônibus bom é ônibus remendado


Em tempos de aumento da tarifa no transporte público na cidade de Macapá, uma pergunta muito pertinente ecoa na mente de milhares de usuários desse tipo de serviço público: os nossos ônibus são novos?

Parece uma pergunta ingênua, mas precisa ser feita, pois a nova tarifa de Macapá, que era de R$1,90 e passou para R$2,30, se equiparou com o preço de cidades como Florianópolis(R$2,90), Belo Horizonte(R$2,45), Rio de Janeiro(R$2,50), São Paulo(R$2,90) e Salvador(R$2,50). Pode ser uma comparação absurda? Nem tanto.

A frota do transporte público da cidade de Macapá é, em sua maioria, sucata de outros estados que renovaram a sua própria frota(por força de lei local) e se desfizeram da frota antiga. Prova disso, é a linha Universidade, sentido norte-sul. O ônibus trás todas as informações sobre a proibição do cigarro no interior do coletivo, falar somente o necessário com o motorista e o telefone para reclamações e sugestões com o número de...São Paulo! Os ônibus intermunicipais de São Paulo são chamados Metropolitanos. Viagens de São Paulo para Guarulhos, Osasco e Barueri são feitas nesses ônibus. E em outra reencarnação, a linha Universidade, um dia já foi um Metropolitano. A diferença é que a entrada em São Paulo é pela frente e em Macapá é por trás. Quando chegam aqui, são reformados, pintados e adaptados para a realidade local. Os poucos ônibus adaptados para cadeirantes, na maioria das vezes não funcionam, o que alimenta a impaciência do motorista e do cobrador em atender o deficiente físico. Mais comum ainda é ver os estofados desgastados ou furados, os encostos dos acentos(aquela borrachinha) rasgados e o teto rachado. Agora como pagar uma tarifa por uma frota de oficina de fundo de quintal(com todo respeito ao grupo de samba)?

Se esse fosse o único problema, os munícipes não estariam tão insatisfeitos. O tempo de espera no ponto não é menos que vinte minutos, em horário de pico. Depois das sete da noite, a frota é reduzida e esse intervalo pula para, no mínimo, quarenta minutos. Nos fins de semana o transtorno é ainda maior. Bairros como Nova esperança, Santa Inês e Goiabal simplesmente não possuem uma única linha que passe por suas ruas, obrigando o passageiro a andar bons quarteirões, debaixo de sol ou de chuva.

A falta de planejamento das rotas dos coletivos é outro descaso. As sete principais faculdades da capital estão espalhadas tanto no sentido norte-sul como leste-oeste. Por exemplo, quem mora nos Congós e estuda na Faculdade Fama, não tem a opção de utilizar apenas uma condução, precisa obrigatoriamente se deslocar até o centro da cidade e pegar outro coletivo para chegar até à Lagoa dos índios. Ou quem mora no santa Inês e estuda na Unifap, precisa andar até a Leopoldo Machado e pegar o ônibus. Diversas linhas fazem o mesmo trajeto, danificando ainda mais as ruas da cidade e congestionando o trânsito. Outra característica da deficiência do setor são empresas que não dispõe de um sistema para controlar a chegada e saída das linhas dos seus terminais. É comum ver duas linhas Buritizal/são camilo passando ao mesmo tempo, ou Brasil novo Universidade passarem coladinhos. Advinha quem sofre com essa demora?

Em grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, as tarifas são justificadas com os investimentos e organização por parte do setor responsável. Macapá é três vezes maior que a favela da Rocinha, com seus quase 200 mil habitantes a maior da América Latina. Então como as empresas daqui explicam esse aumento? Constante manutenção da frota por consequência das más condições das vias da cidade? Claro, com a lataria que chega das grandes cidades, seu destino certo é estar em constantes reparos ou remendos. Assim, o macapaense deixa sua casa todos os dias em direção ao trabalho para fim do mês ver seu salário diminuído em função de um serviço indigno do cansaço e do suor de quem é obrigado a usar o transporte público da capital. Por que vivemos nesse círculo vicioso, pois afinal, em todos os aumentos de tarifas anteriormente ocorridas, sempre a justificativa foi a renovação da frota? E desta, qual será?

domingo, 7 de agosto de 2011

Preferência brasileira, mas origem europeia


Há quem diga que o Brasil é o país do futebol, da feijoada e do samba. Por entender o que essa é nossa identidade. ledo engano. Sem saber, vivemos numa ignorancia pulsante diante de nossa propria identidade. Na verdade, nunca sabemos o que realmente somos. Apenas consumimos o que nossos antepassados mastigaram pra nós engolirmos.

O Brasil é conhecido mundialmente como referência no futebol, por seus craques e por seus títulos. Mas nem sempre foi assim. Existem muitos relatos da origem do futebol, e alguns citam a China como a mãe da bola, outros dizem que nasceu na Itália. Mas foi na Inglaterra que tomou os moldes que conhecemos hoje. Nasceu praticamento junto com o Rugby, mas por discordância nas regras, acabaram tomando rumos diferentes. Era um esporte de pobre, porque rico fazia esgrima e equitação. Mas a burguesia teve uma grande sacada: nas poucas horas de folga que os operários tinham nas fábricas, era o football que os distrariam. E assim, a atenção para os problemas dos operários era desviada para esse tal esporte de bárbaro e mantinha-os à margem da atividade política. Segundo o historiador inglês Eric Hobsbawn, o jogo de futebol como "a religião leiga da classe operária".

Assim como a origem do futebol tem várias teses, no Brasil também não é diferente. Dizem que foi pelas mãos do descendente inglês Charles Willian Miller que o esporte chegou nos trópicos. Outros dizem que foram os marinheiros ingleses, ou foram os operários ingleses das fábricas na região da Barra Funda e do Brás, na cidade de São Paulo. Próximas às linhas dos trens, haviam campos chamados de várzea. Lá, os operários, assim como na Inglaterra, aproveitavam seus horários de folga batendo um bolinha. Mas tudo que chega de fora no país, a elite paulistana logo se interessou pelo esporte inglês. Porém, com sua massificação, a elite aos poucos foi perdendo seu interesse, delegando à massa a função de popularizar o esporte. Começaram a surgir os primeiros campeonatos e clubes, tendo como principais o Palestra Itália e Sport Club Corinthians Paulista. E assim, o futebol tornou-se é o esporte mais popular do Brasil.

Quem nunca entrou num restaurante numa quarta feira ou num sábado para se deliciar com uma feijoada, com laranja e couve? Depois vem aquela caipirinha só pra rebater a refeição. Pois é, mas a feijoada, de brasileira, não tem nada. Ou quase nada. à princípio nem de longe os negros ou os índios tem o seu dedinho na origem da iguaria. Na verdade, a feijoada tem origem europeia, já no império romano, em que se misturava feijão e carne. Prima pobre do cassoulet, da França, da Paella espanhola, a feijoada encorporou carnes menos nobres, rejeitadas pelos portugueses, como restos de porco. Passando pela África, outros ingredientes foram incorporados, chegando ao Brasil bem diferente da feijoada original. Hoje, a feijoada é símbolo da culinária brasileira, sendo inserida nos cardápios dos principais restaurantes do país.

O samba vai ficar pra outro post. Por que esse é bem extenso.

Fonte: NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da História do Brasil. ed. Leya. Ano 2011, São Paulo.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cara de novata, carreira de veterana






Quando Sean Penn interpretou o deficiente mental Sam no filme Uma lição de Amor(2000), ali estreava uma garotinha de apenas oito anos de idade, que, definitamente roubaria a cena do veterano de Hollywood. Seu nome: Hannah Dakota Fenning, ou simplesmente Dakota Fenning, e para os chegados, Kota. Não precisava de bola de cristal para saber que a pequena seria uma grande promessa de sucesso. Naquele momento, as cifras brilharam nos olhos sedentos dos figurões da indústria cinematográfica. E assim Dakota disparou para vários outros trabalhos.

Pisciana nascida no estado da Georgia,, nos Estados Unidos, veio de uma família de esportistas. O pai era jogador de beisebol e a mãe, jogadora profissional de tênis. E foi na escola que Dakota revelou seu talento como atriz. Apresentava peças de teatros no fim do ano letivo e sempre se destacava pela facilidade de decorar o texto e encarar cenas emotivas. Também pudera, aprendeu a ler quando tinha apenas dois anos de idade.

Depois de Uma lição de amor, estreou seu segundo longa ao lado de nada menos que Denzel Washington, no filme Chamas da vingança. Era Lupita Martin Ramos, uma garotinha que morava na cidade do México, filha de um milionário visado pelo crime organizado mexicano. Assim John Creasy, ex agente da CIA, com sérios problemas com bebida, é contratado para ser o segurança de Lupita. Aí deixa na dúvida quem ela ofuscou mais: Sean ou Denzel.

Com a energia de uma criança, mas com um talento de gente grande, Dakota estreou três filmes em 2005, Amigo Oculto, com Robert De Niro, Nine Lives e Guerra dos Mundos, sendo dirigida por Steven Spielberg e protagozinado por Tom Cruise. E ainda teve tempo de dublar a personagem Lilo, da animação Lilo e Stitch. Tá cansado, leitor? Nem comecei ainda. Como dubladora, também cedeu sua voz para Coraline(2008), filme de Tim Burton. E no mesmo ano gravou A vida secreta das abelhas, com Queen Latifah, em que interpreta Lily, uma adolescente com problemas na família, e que foge para a casa de August Boatwright(Queen Latifah), uma apicultora solteirona que acaba adotando-a. Em 2009, dividiu a cena com Robert Patisson e Kristen Stewart, interprentando a vampira Jane Volturi, em Lua Nova e Eclipse.

Mas foi em 2010 que Dakota se instalou definivamente na lembrança e nos ouvidos de todo o mundo interprentando Cherry Currie, a vocalista da banda do filme the Runaways, novamente contracenando com Kristen Stewart. Quem guarda na memória a imagem daquela menininha sendo embalada pelo pai num parque de diversões em Uma Lição de Amor, não a imagina consumindo anfetamina e se enroscando em cenas tórridas de sexo, inclusive lésbico.

Depois de construir uma carreira brilhante, nada mais justo colher os louros do sucesso. Hoje Dakota faz parte da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e tem poder de voto no Oscar, a maior premiação americana do cinema. Considerada a segunda atriz mais rentável de Hollywood, segundo a revista Forbes, perdendo apenas para Emma Watson, a Hermione Granger, de Harry Potter. Daqui a pouco Julia Roberts e Meryl Streep vão implorar um papelzinho ao lado dela(exagerei?).