sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um samba pro sono

Oh sono, não me chegue agora, por favor
Eu ainda quero cantar uma canção
Dessas que a gente canta no corredor
Ou no banheiro do avião

Espera a primeira cerveja chegar
Que é pra eu me despedir
Antes dessa noite ruir
E o próximo dia raiar

Senta, pegue um cigarro na mesa
Não me venha falar de tristeza
Não pedi sua presença
Fica aí e agora agüenta

Ande, seja gentil com a madame
Não faça pagar um vexame
De começar a bocejar
Veja bem, olhe lá

Olhe aquela mesa ao lado
Leve aquele pobre coitado
Que está sem trocado
Pra sua conta pagar

Saudade!

Não existe uma definição pra saudade, a gente sente e pronto. Dói fundo, parece um corte quando você está cortando tomates pra mamãe. Também não tem hora pra chegar, é só você ouvir uma música, lembrar de uma história ou simplesmente lembrar de um sorriso e ela logo procura um lugar pra fazer doer. Existem vários tipos de saudade, daquela que você sabe que a pessoa não vai demorar para chegar em casa, daquela que a pessoa viajou mas já, já ta de volta, daquela que a pessoa vai demorar um ano pra voltar ou daquela que você sabe que a pessoa não volta nunca mais. Por mais que seja doida, a saudade é um sentimento bom, não é como a inveja ou o ódio. Na saudade, os nossos maiores refúgios são as lembranças, são elas que vão nos ajudar a segurar a barra que é estar longe de quem você ama.


Sinto saudades de tanta coisa...Da minha infância, da época de escola, das reuniões em família(pensei que nunca fosse sentir falta disso), do meu antigo emprego. Mas, neste momento, o que sinto mais falta são dos meus amigos. Eles me completam, me alimentam de coisas boas, de esperança, de felicidade. Sem eles, talvez eu já tivesse desistido por completo dos meus planos. Uns estão muito longe, outros já estão mais perto, porém o importante é que sempre estarão comigo, sempre. E quando você sentir saudades de um amigo, lembre da cerveja gelada, do filme com pipoca, do ultimo cigarro na carteira, das brigas, das broncas, dos conselhos, da troca de olhar quando o assunto acabou, da espera pelo amanhecer do dia, das lágrimas na despedida, como essas que agora derramei em escrever isso.


- Texto de 2004, e a quantidade de amigos que eu amo aumentou...Ainda bem!

sábado, 22 de janeiro de 2011

22 de Janeiro de 2011



Dizem que existem vários tipos de alegria na vida, vários motivos pra você se sentir realmente feliz. Não é aquela alegria vã, como a alegria das drogas, por exemplo. São alegrias permanentes, duradouras, que te acompanham na rua, na fila do banco, junto ao travesseiro. Mas somente vivendo será possível conhecer as várias vertentes da alegria e da felicidade. Por que cada uma delas precisa do seu tempo, do seu momento. Ter um filho, casar, se apaixonar perdidamente por alguém que você mal conhece, comprar a casa própria, ter um neto, são amostras do que é ser feliz.

Porém hoje eu senti um pulsar no peito totalmente diferente de tudo o que eu já havia sentido na vida: passei no vestibular. Não que eu não tenha feito e passado em outros vestibulares, mas esse teve um sabor diferente. Além de ser uma universidade federal, essa vitória veio depois de um período de muita angústia e melancolia na minha vida. Achei que não tinha mais forças pra correr atrás dos meus sonhos, não tinha mais sentido. Mas quando ouvi meu nome sair naquela lista, meu coração disparou, as lágrimas jorraram e meus joelhos dobraram. Parecia que eu tinha tirado um piano das costas. Depois o abraço da família, dos amigos e dos desconhecidos, que, aliás, acho que alguns não me são mais tão estranhos assim.

O fato é que é que esse sentimento é diferente. Quando você se apaixona, seu coração dispara, mas em outro compasso. Quando você dá a luz - mesmo eu não sendo mãe pra saber -, seus batimentos cardíacos tem um outro ritmo. Agora passar no vestibular é uma coisa que não dá pra descrever. Ë como se apaixonar pela primeira vez, você nunca mais sentirá a mesma coisa.

Aqui começa mais uma etapa da minha vida. Estou com a bateria recarregada para enfrentar o que vier. Agora, se eu me apaixonar, casar, ter filhos, eu não vou achar nada ruim se meu coração disparar novamente. Mas uma coisa de cada vez, e não necessariamente nessa mesma ordem.

domingo, 16 de janeiro de 2011

ESTAÇÃO JABAQUARA




Ele me pedia pra dormir na cama com ele, mas eu sempre recusava. Não queria sentir aquela sensação de que aquele poderia ser meu lado. Enquanto fazia o jantar, me perguntava se aquele seria o Último. Enquanto lavava sua roupa, me perguntava se ele notava quando eu colocava amaciante. Enquanto esfregava o vidro do Box do banheiro, imaginava ele elogiando o que eu tinha feito enquanto não estava em casa, ou adorando o tempero da salada do jantar, e depois tomar duas xícaras do seu sorvete preferido, que eu tinha comprado à tarde pra tomarmos depois da novela. Eu queria ficar naquela cama dormindo ao lado dele, mas não sabia se podia. Eu tinha medo. Medo de começar a imaginar que aquele lugar realmente me pertencia. E assim, mais uma vez ele me pôs pra fora da sua vida, como se dispensasse uma empregada.

Gostava de brincar de advinhações na época em que cortaram a luz do apartamento, procurar toquinhos de velas dentro da gaveta pra botar no quarto. Já não agüentava mais comer pão com mortadela e coca cola, mas era a única coisa que o nosso dinheiro conseguia comprar. Às vezes eu roubava limão do supermercado pra fazermos limonada para tomar com o resto de frango que tinha sobrado do jantar de dois dias atrás, mas ele nunca desconfiou disso. E quando teve a crise de tosse, eu quis levá-lo ao hospital, acho que sua garganta até chegou à sangrar nesse dia. Fiquei desesperada. Aí ofereci uma banana, o que só fez piorar a tosse. Ele queria ir na Virada Cultural pra ver o show do Reginaldo Rossi e do Wando. Mas a tosse não passou e então ficamos em casa. No dia seguinte eu fui ver Maria Rita e ele ficou em casa.
Aí cortaram o gás. Não tínhamos como cozinhar. A única coisa que tinha na nossa dispensa era cup nudols. Ele levou a cafeteria para o corredor, esquentou a água e trouxe o macarrão pronto pra eu comer. Sem gás, sem luz, já quase sem velas. Daqui a pouco seríamos só nós, um olhando pra cara do outro. E as seis da manhã, os aviões de Congonhas cortariam o silêncio do quarto. Da janela dava pra ver bem de pertinho as asas. Depois era impossível conseguirmos dormir, ou melhor, eu. Por que ele sempre conseguia.

Eu estou esquecendo de como era o seu rosto . Estou esquecendo o cheiro da sua camiseta suja, do seu jeito de pegar no cigarro – se é que ainda fuma. Esquecendo da cor do seu cabelo, da marca do seu biscoito favorito, do como dormia todo enrolado no edredon, do barulho que o Nextel fazia pela manhã. A cada dia que passa você vai morrendo um pouquinho pra mim. Até chegar um dia que eu não lembre mais de você. Até chegar um dia que eu não tenha mais porque lembrar de você.

Afinal, qual seu talento?




Você já se perguntou qual o seu talento? O que você gosta de fazer, o que te dá prazer e o que te desperta paixão? Parece papo de livro de auto-ajuda, mas não é.

O fato é que, se você faz o que não gosta, as chances de você fazer um trabalho excepcional é são mínimas. Você é daqueles que já acorda se xingando porque tem mais um dia de trabalho pela frente? Que não vê a hora do expediente acabar para ir pra casa e fazer alguma coisa que realmente gosta? Bem, comece a repensar na vida e como você pode mudar isso.

Quando criança, geralmente escutamos aquela pergunta: “O que você gostaria de ser quando crescer? O que você respondia? Médico, bombeiro, advogado, policial? Nessa fase, ainda estamos descobrindo as nossas paixões, aquele desenho do garoto cientista, ou do garoto contador de histórias, ou das brincadeiras que precisava de líderes para organizar a bagunça da moçada.

Nos Desviamos do nosso talento por uma série de fatores: ou porque você teve que começar a trabalhar e ajudar em casa muito cedo, ou porque tal profissão dá mais dinheiro que outra, ou porque nossos pais nos conduziram pelos seus próprios caminhos. O problema de escolher algo que não tem muito haver com a gente, é que nunca faremos algo realmente brilhante, porque aquilo não foi feito com carinho, não foi desprendido paixão pelo trabalho. Vamos sempre ficar na margem do bom, no máximo, um ótimo. Mas nunca um excelente.


Vou dar 5 minutos para você se perguntar qual sua verdadeira paixão.


Legal, você descobriu o seu talento, e agora? Bem, esse é só começo. Não quero te desanimar, mas não bastar apenas descobrir qual o seu talento. A partir de agora seu talento precisa ser lapidado, você precisa desenvolver seu talento. Como?
Você já viu como funciona um concurso de beleza? Primeiro você é miss ou mister Rio de Janeiro. Aí você ganha e vai disputar o nacional. Depois tem o miss ou mister universo. Você passou por três etapas para chegar ao topo. A mesma coisa é o nosso talento. Exemplo rápido é o jornalista. Você está certo de que essa é a profissão da sua vida. Mas onde já se viu um jornalista que não lê, que não sabe escrever, que não conversa, que é tímido? A prática e a dedicação tornarão seu talento mais refinado, melhor direcionado. Não existe sucesso sem trabalho.

Mas aí me questiona: “Mas o que eu gosto de fazer não dá dinheiro!”. Volto ao ponto de partida, porque se você pensou em uma profissão visando apenas retorno financeiro, então você ainda não descobriu o que realmente gosta de fazer. Jacob Pétry, autor do livro O óbvio que ignoramos, diz que precisamos ter três elementos: talento, paixão e renda. Se algum desses três temperos faltarem, reveja seu planejamento de vida.

É triste chegarmos num determinado momento da vida e constatarmos que não fizemos aquilo que realmente gostávamos. Fazer uma coisa que não gostamos todos os dias, é como morrermos todos os dias pela manhã e sobrevivermos à noite, quando chegamos em casa e encontramos com a família, com o cachorro ou com sua pilha de DVDs ou livros. Dê uma chance ao seu talento.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O amor é uma dor!




Amor é um suspiro com o primeiro gole de um copo de cerveja, é o que te acompanha numa ducha quente pela manhã fria; Amor é o derradeiro cigarro que sobrou no fundo da carteira, existe um prazer em ser o último e o mais gostoso; Amor é espera, paciência, perdão incondicional; é chorar baixinho, calada, é ver o corpo esquentar sem ter febre; Amor é ter sempre que vigiar as palavras, elas às vezes gostam de escapar; Amor tem opinião própria, não escuta o que a gente fala; O amor é aspirina, morfina, anfetamina, cocaína, é o calor de Teresina; Amor é risco de morte, é um eterno adormecer em vida, é uma coceira no lugar mais inacessível das costas; Amor é epilepsia, claustrofobia, é cleptomania, é um fim de semana na Bahia; Amor é um tratado de paz, é um terrorista cheio de bombas; Amor é imaturo, confuso, é amigo íntimo de Dalai Lama; O amor é parceiro, estrangeiro, feiticeiro, se joga fácil de desfiladeiro; Amor é uma crise de abstinência, é o barato de uma picada, é um tiro numa carreira, de advogado ou engenheiro; Amor é festinha, festão, festim; Amor é o abraço na saudade, é um papo nostálgico com a dor, com as lembranças, com a esperança; Amor é o azul que nos engole em plena seis da tarde; Amor é um super herói politicamente incorreto; é tudo aquilo que sinto, está dentro de mim, como sangue, como as veias, como os sonhos. O amor é isso, é tudo o que não podemos explicar, é o inexplicável.



Texto antigo, dos tempos do interior de São Paulo.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Açai causa acidente no Pacoval




Por volta das oito da noite de ontem, um Voiage preto invadiu uma casa no bairro do pacoval. A motorista perdeu o controle ao desviar de um buraco na pista e deixou o carro na sala de jantar da casa de Heveraldo Maciel.

Testemunhas alegam ter visto a motorista dormindo ao volante. Ao chegar no Ciosp, o delegado percebeu a sonolência da jovem, que não tinha mais que 25 anos de idade. Sem indícios de ter ingerido bebida alcóolica, o delegado Ângelo Diniz indagou a jovem o por quê de tanto sono:

- Foi o açai com galeto que eu acabei de comer, sr. delegado!




P.S : Enquanto dirigia, fiquei pensando se eu daria essa desculpa na delegacia, porque eu tava morreeeeeeeendo de sono por causa do açai com galeto que comi agora à noite.